A Chegada é um livro lindíssimo. A estória é contada por Shaun Tan, um ilustrador incrível. O livro é narrado sem palavras, só imagens: Um homem sai do seu país em busca de melhores condições de existência em outro lugar. Deixa a esposa e a filha, chega a uma cidade diferente, com objetos flutuantes, animais engraçados, uma língua desconhecida. Lá, ele procura por um espaço para morar, por trabalho, tenta se comunicar com outras pessoas. No caminho vai encontrando outros imigrantes que o ajudam e também contam um pouco das suas histórias de vida, sobre como chegaram àquela cidade.
No site do autor, em uma página dedicada exclusivamente a este livro, o autor conta um pouco de sua própria história e de como ela se relaciona com a estória do narrada. Fala sobre sentir-se parte de algum lugar. Shaun Tan diz que o processo de construção do livro foi lento, demandou muita pesquisa, muitas conversas com pessoas que já fizeram alguma migração, e também foi baseado na própria experiência do autor, de estar em um país estranho, ter pouca noção daquilo que o cercava, do significado das coisas para as pessoas que ali moravam, de ser tudo muito estranho e também muito convincente. Aos poucos, o livro foi surgindo e assumiu essa forma de livro com imagens.
E isso é o que achei mais interessante: Shaun Tan diz que o próprio formato do livro leva o leitor a experimentar um momento de maior conexão com o personagem principal, já que não existe nenhuma orientação tão bem delimitada sobre o significado daquelas imagens. Somos obrigados a procurar elementos, prestar atenção em detalhes, buscar o entendimento no que não está dito, mas está ali pra gente ver e sentir! É incrível!
Quando "li" o livro, foi como mergulhar mesmo na história e na vivência do personagem. As expressões dos personagens são tão reais! O livro é silencioso e ao mesmo tempo cheio de vida! Foi incrível perceber como as imagens me tocaram de uma forma que acho que dificilmente seria tocada, caso o livro tivesse palavras escritas. Acredito que as palavras acessam mais facilmente nosso lado racional, e que a falta delas me fez me conectar com os personagens de uma forma diferente e muito especial.
A cada página, ia quase que sentindo em mim mesma, as sensações do personagem principal. Vivendo a migração junto com ele.
Imagino que cada um perceba o livro de uma forma diferente, já que não existem significados dados por alguém. Os monstrinhos, os objetos enormes, os meios de transporte, a língua do país novo, os detalhes nas imagens das multidões, podem ter diversos significados, podem tocar de muitas formas, a depender da experiência e do momento de cada um.
É lindo isso! Depois de ler, fui pesquisar sobre o livro e descobri que era essa exatamente a intenção do autor. Que genial! Que maravilhoso! :)
Não tenho nem o que comentar sobre as ilustrações incríveis, a técnica, a criatividade, o humor do Shaun Tan, a não ser dizer que é tudo tão impecável!
Por fim deixo as palavras dele sobre o livro, em uma tradução livre:
"Um dos maiores poderes no contar de histórias é que nos convida a caminhar com os sapatos de outras pessoas por um tempo, mas talvez, e ainda mais importante, nos convida a contemplar os nosso próprios sapatos também. Podemos pensar em nós mesmos como possíveis estrangeiros na nossa própria terra desconhecida. Que conclusões tiramos disso, dificilmente podem ser enumeradas. Mais uma razão para pensar mais além sobre conexões entre pessoas e lugares, e o que podemos dizer quando falamos sobre pertencimento" - Shaun Tan
Amo ver dicas literárias, e essa está simplesmente linda!
ResponderExcluirEsse livro parece ser muito delicado. Me passou um ar de sutileza… Fiquei curiosa.
E essas ilustrações… Tudo um encanto
Que livro diferente! Amei o seu texto e as fotos! Parabéns pelo blog. Está cada dia mais inspirador :)
ResponderExcluirhttp://www.hidai.com.br/
Esse livro é sensacional, maravilhoso!!! Como eu sou imigrante também, pude me relacionar ainda mais pessoalmente com a jornada do personagem. É exatamente assim esse sentimento de chegar num lugar e não saber se comunicar, a comida é diferente, tudo é estranho! Ele conseguiu traduzir esse sentimento tão lindamente nesse livro. Super recomendado mesmo!
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