#DesafioDIY2014 - Colagem

Como já falei nesse post, tá rolando um super projeto legal de trabalhos manuais. Para quem não viu, explico rapidinho: É um grupo no Facebook. Junto decidimos quais seriam as técnicas abordadas durante o ano. São 12: uma para cada mês. Não precisa ter nenhum conhecimento prévio para participar! E todos são bem vindos. Não é obrigatória a participação em todos os meses também, para quem tiver a rotina muito corrida! Somos livres e democráticos! :D

O tema do mês de Janeiro é Colagem! Há muito tempo, fiz capas de caderno com fotos de cachorrinhos, de imagens legais que via nas revistas adolescentes.. mas nunca tinha levado a sério essa técnica (mesmo conhecendo vários trabalhos super legais). Usei algumas vezes para personalizar cadernos, mas nada além disso. O desafio me ajudou a superar isso e até penso em fazer outras!

Gostei demais de todo o processo de começar a pensar em um tema para retratar na colagem até coletar imagens, posicioná-las da melhor forma, criar novos elementos, criar novos significados.. foi bem divertido! Me surpreendi!

E aqui está minha produção para o mês de Janeiro!

  E assim foi o meu processo de criação:  

Estava eu na Livraria Cultura, caminhando, sem olhar muitos livros pra não cair na tentação. Estava pensando sobre meu futuro profissional dentro da Psicologia. Pois é... vocês conhecem o meu lado que gosta de artes, de artesanato, de fotografia. Mas, não o de estudante de Psicologia, né? Então senta aí que agora vou me abrir um pouquinho, pois essa colagem não tem nada de impessoal.

Tenho intenção/pretensão de trabalhar na área social, que geralmente atua em tribunais, instituições de acolhimento, de restrição de liberdade, e outras que estão a serviço da comunidade. De forma bem resumida assim, porque já reescrevi várias vezes colocando ressalvas nas minhas palavras, mas apaguei porque achei que talvez não coubesse ficar me alongando por aqui. O fato é que nessas instituições, muitas vezes lidamos com assuntos um pouco - ou muito - tensos, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes em situação de violação de direitos. E, bom... gosto de trabalhar com crianças e adolescentes!

Terminada a introdução, voltando para o passeio na Cultura... estava eu pensando nas minhas possibilidades de futuro profissional dentro da área, pensando nos últimos capítulos do livro que estou lendo. Me percebi angustiada, me sentindo sozinha no mundo, por saber que tem tanta gente trabalhando mal por aí, por saber que penso de forma diferente da maioria das pessoas com quem trabalhei.. mas ao mesmo tempo, sentindo que eu deveria tentar, que talvez pudesse fazer alguma diferença onde quer que eu vá trabalhar no futuro. Pois bem.. foi pensando nisso que fiz a minha colagem.

  Sobre as Figuras Grandes...  

Escolhi como base, uma fotografia tamanho A4 que retrata uma gruta por dentro, com as estalactites e estalagmites. Isso seria o me sentir sozinha. Uma das primeiras imagens que resolvi colocar, foi o da paisagem noturna. É essa parte em azul forte. A noite e as silhuetas das plantas me dão uma sensação também de estar sozinha, mas ainda, de angústia. Me lembra também momentos de reflexão. Os círculos concêntricos em amarelo e roxo representam certa confusão, imprecisão, incerteza, caos. É justamente como penso a realidade: como incerta, não linear, imprevisível.

  Sobre as Figuras Menores...  

A borboleta é um animal lindo e maravilhoso - sem entrar em filosofias de casulo e vida nova - e ainda voa! Mas, na figura, ela está representada em preto. É melancólica e combina com a paisagem de fundo azul escuro. Ela me parece bastante misteriosa também.

A criança (chapeuzinho vermelho) e o lobo representam o que são. Me lembram as pessoas com quem quero interagir: crianças e adolescentes. O lobo tem mais de um significado. O primeiro é a contraposição a uma visão de crianças puras, sempre bem intencionadas, como se elas não sentissem nada que seja muito complexo. 

O lobo representa esse lado menos idealizado da infância. Ao mesmo tempo, representa as diversas situações difíceis e relações conflituosas que as crianças em situação de violação de direitos passam. O fato de a chapeuzinho estar fazendo o lobo sorrir diz sobre a capacidade de ressignificação da experiência.

As bolhas de letras são discursos limitados e frágeis. São tentativas de se fazer ouvir, em uma sociedade em que as coisas SÃO. A nossa cultura não permite o talvez. Por isso o É, gigante, bem no meio da figura. É o discurso social da estagnação e da desesperança. Como se não houvesse possibilidade de mudanças, como se não houvesse processo, e sim fatos. Não acredito nesse É.

Por isso, alguém como eu seria o curinga/bobo da corte, que ri para não chorar, que tá ali zanzando pela nobreza.. as pessoas riem dele, mas ele compreende o mundo um pouco além do próprio nariz, é crítico e expõe o que pensa de maneira cômica, chegando a incomodar. O bobo da corte é bastante dual.

Por fim, a rosa dos ventos representa os muitos caminhos possíveis. A flor é esperança.